A dominação europeia

12/04/2022

João Paulo Stimer é graduando em História pela Unicentro, Campus Santa Cruz

Após ser conquistada e ocupada pelas potências imperialistas europeias, a África foi envolvida em uma rede administrativa colonial, que se unificava com base em algumas ideias e crenças comuns. Tais concepções provinham da situação colonial já estabelecida pelos europeus que desde o século XIX governavam a África. Mas a relação dos europeus com a África vem de antes, desde final do século XVII e século XVIII, através do comércio de escravos, que era o principal meio de lucro do período, e sustentou por muito tempo o sistema colonial.

O que não ocorria até o século XIX era o controle territorial do continente africano. Existiam alguns postos de venda de escravos nas regiões litorâneas e nas ilhas do continente africano, mas não havia muito conhecimento europeu sobre o interior do continente.

O processo de colonização se deu, especialmente pelo interesse econômico, devido as mudanças pelas quais a Europa estava passando desde o final do século XVIII: crescimento do capitalismo, aceleração do processo de industrialização, criação de empresas, e exploração comercial. Mas a justificativa dos países colonizadores era de que a finalidade da colonização se definia em termos de responsabilidade e tutela, como se estivessem "protegendo" as colônias africanas, para garantir o "crescimento econômico" e o "desenvolvimento humano" das regiões ocupadas.

Esses processos eram facilitados por acordos entre europeus e elites africanas. O administrador colonial francês Robert Delavignette cita que não há colonização sem política indígena; não há política indígena sem comando territorial; e não há comando territorial sem chefes indígenas que atuem como correias de transmissão entre a autoridade colonial e a população. Mas com o estabelecimento da administração europeia, os chefes autóctones eram manipulados como um agente administrativo, trabalhando, de certo modo, para os colonizadores. E o objetivo de manter uma colônia era, essencialmente, manter a ordem, evitar despesas excessivas e constituir uma reserva de mão de obra para fins comerciais. Esses objetivos eram atribuídos às funções da administração local e cumpridos de três maneiras: reforma dos sistemas judiciários, recurso ao trabalho forçado e instituição de impostos pessoais.

Quanto aos meios de controle e administração, a dominação colonial passara do controle militar ao controle institucional civil; o recurso direto à força tendia a ser substituído pela persuasão administrativa. Evidente que houve, e continuou a ter a força militar, foi assim que o aparelho colonial se estabeleceu e se manteve, existiam forças de resistências e conflitos por parte da população africana, mas as relações de dominação administrativa eram tão importantes quanto os meios militares para a manutenção da colônia. Mesmo com essa suposta finalidade de "tutela" por parte dos europeus, os métodos coloniais foram traçados por inteiro para acomodar os interesses e as intenções das potências europeias. O sistema colonial fixou o quadro administrativo geral no qual o governo nacional devia se inserir durante a primeira década de independência. A normalização da política organizada numa estrutura europeia, constitui o aspecto principal da modernização que os europeus introduziram então na África, mas para servir a seus próprios interesses. Até o momento, a impressão era de que o sistema colonial no continente africano "chegou para ficar".

Referências

BETTS, Raymond F. A dominação europeia: métodos e instituições. In: História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 / editado por Albert Adu Boahen. - 2.ed. rev. - Brasília: UNESCO, 2010.

FRONTEIRAS NO TEMPO #1: Partilha da África. Cesar Agenor Fernandes da Silva, Marcelo Silva, [s. l.]: Deviante, 03 dez. 2016. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/podcasts/fronteirasnotempo/fronteiras-no-tempo-14-partilha-da-africa/ Acesso em: 24 mar. 2022.


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