A África no contexto da Grande Guerra
André Luís Paes Chaicovski é graduando em História pela UNICENTRO, Campus Santa Cruz.
A Primeira Guerra mundial significou um marco na história, no qual as potências europeias travaram pelejas em campos no continente e em suas colônias, incluindo a África. No que se refere ao continente africano cabe pontuar sua participação tanto em números humanos - para apoio no palco principal da guerra - quanto servindo de campo de batalha para muitas lutas.
[...] E embora as campanhas travadas em solo africano não exercessem senão influências marginais sobre o curso da guerra tiveram importantes repercussões no continente. Mais de um milhão de soldados africanos participaram dessas campanhas ou operações militares na Europa. (BOAHEN, 2010, p. 319)
Alguns dos principais centros de batalha entre a Tríplice Aliança e a Entente seriam nos entroncamentos entre colônias alemãs e francesas, ou inglesas; porém, no início da guerra imaginava-se uma neutralidade nessas fronteiras, com ações de elites africanas locais que buscavam construir neutralidade no conflito para que não houvesse batalhas em território Africano.
Nas palavras do governador do Togo, Doering para os seus vizinhos na Costa do Ouro: "Não dar aos africanos o espetáculo de brancos fazendo a guerra a brancos" (BOAHEN, 2010, p.324, apud CORNEVIN, 1962, p.208.)
Porém, na primeira fase da guerra tornou-se de suma importância o domínio de portos africanos controlados por alemães, buscava-se dessa forma impedir que suprimentos variados saídos da África alimentassem a máquina de guerra alemã e facilitassem a resistência das tropas aliadas. Esta ação militar representou um entrave aos Alemães, pois, a supremacia britânica nas águas era significativa. O episódio revelou ainda as prioridades dos germânicos que, com a esperança de encerrar a guerra antes do natal, buscavam formar um ataque decisivo e acabar rapidamente com as hostilidades na Europa. Em consequência, uma ação defensiva positiva nas colônias litorânea foi prejudicada.
Graças a esse combate focado em derrubar linhas de suprimentos ocorreu um êxodo de corpos administrativos brancos em retorno para o continente Europeu, causando assim um atrofiamento administrativo em algumas colônias que já padeciam de falta de pessoal para reger a colônia - tanto em quesito administrativo quanto militar - facilitando assim algumas ações de resistência ao longo do continente (BOAHEN, 2010, p.328).
Estes esforços de revolta em partes das colônias europeias se mostrou uma centelha dos movimentos que surgiriam futuramente com os conflitos maiores e mais abrangentes da Segunda Guerra Mundial, não só durante o conflito com a participação africana nos combates, mas também no pós-guerra com o desgaste econômico e de infraestrutura do continente Europeu e de suas colônias.